SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

A COMUNA DE TRUMP OU DAS OLIGARQUIAS !

 


“Dona de tudo, como não o tinha sido e não o será talvez jamais nenhuma aristocracia, a classe média, que precisa ser chamada de classe governamental, tendo-se aquartelado no poder e logo depois em seu egoísmo, adquiriu um ar de indústria privada, onde cada um de seus membros quase só pensava em assuntos públicos para canalizá-los em benefício de seus interesses privados, esquecendo facilmente em seu pequeno bem-estar as pessoas do povo.”



Esse texto escrito por Alexis Tocqueville sobre suas lembranças de 1848, refletem sobre como a classe política foi indigna e perdeu o poder porque foi incapaz de mantê-lo. Não possuía qualquer virtude política para representar o povo. Ele previu novas revoluções, caso os cidadãos continuassem a corromper a vida pública.



Claro que Trump não representa a classe média e sim as piores elites do mundo pelo racismo, ignorâncias e uso do Estado para proteger os amigos com privilégios como fazem as oligarquias brasileiras; e atacar os inimigos que compartilham uma visão da humanidade e do planeta como um todo, onde não existe uma terra plana, mas um círculo que representa liberdade, fraternidade, e igualdade para todos.



É importante lembrar eventos que antecederam a Comuna de Paris tinha de um lado movimentos e barricadas como “ Vidas negras importam “ e do outro a associação entre a polícia e militares com o Governo, na época chamada guarda nacional, que como previu Tocqueville seria derrubado por outras revoluções e guerra civil. Quando “meninos ricos” resolvem fazer o que chamam de política, as consequências para todos e a Economia são desastrosas, pois consensos não se constroem em torno de privilégios e corrupção, e sim de causas e leis. 



As semelhanças entre brutais desigualdades, exclusão e miséria em 1848 e hoje são reveladoras para compreender o que a História nos ensina como Chile em 2019, e o que a História nos surpreende como a pandemia do Covid19 . A Burguesia na época, assim como as Oligarquias hoje usam o dinheiro público para enriquecer e garantir a infra estrutura para expansão do capitalismo, as custas da miséria, mortes dos pobres, destruição da natureza e suas consequências como a pandemia. 



Hoje o mercado financeiro manda, enquanto as empresas quebram, restando aos funcionários transformar esse patrimônio em cooperativas de produção, consumo e crédito, o que na época francesa eram chamadas de oficinas sociais. Em 2008, na quebra do sistema financeiro americano, o que se manteve em pé foram as cooperativas de crédito que detém quase 40 % da economia americana, enquanto no Brasil representam menos de 20 %. Não podemos separar  o surgimento da irresponsabilidade social e autoritarismo de Trump em 2021, do salve-se quem puder na selva dos mais fortes e armados, do que ocorreu nos EUA em 2008. Não há diplomacia diante de armas e fome.



O Governo francês antes de 1848 criou a Oficina nacional que na verdade era oficinas de caridade para evitar que milhares de pessoas continuassem a ir às ruas contra o Governo, ou simplesmente não morrer de fome. Algo que envolvia trabalho sem qualificação em obras públicas, semelhantes ao Bolsa família e Renda Brasil, o objetivo não era fortalecer o trabalho, cidadania, economia e a respectiva criação de riquezas e mercado. Esta Oficina nacional não ameaçava a concorrência, ou seja as fábricas privadas da burguesia financiadas pelo Estado e dinheiro público. Antes da Comuna na França, vigilantes como milícias eram recrutados pelo Governo com objetivo de proteger seus interesses contra o povo. E os filhos dos burgueses ou de políticos para coordenar essas milícias. Na Carta constitucional de 1830, os guardas nacionais passaram a eleger seus oficiais de comando.



Os guardas nacionais gritavam pelas ruas “ abaixo os comunistas” quando na verdade o que existia nas ruas era um povo sem trabalho, dignidade, direitos, passando fome e sofrendo brutais violências e desigualdades, como hoje nos EUA as vidas negras, hispânicas e mesmo brancas sem um sistema de saúde, trabalho, sem casa, com dívidas vendo seus filhos terem vidas piores que as suas e maiores desigualdades, diante da riqueza concentrada em 1 % da população, que se reproduz e aumenta pelo mercado financeiro, convivendo ao mesmo tempo com os delírios, racismo e ignorâncias de Trump. De um lado a Comuna de Trump e de uma minoria mas do outro se forma a comuna da maioria que é convidada todos os dias pelo Presidente Trump a uma guerra civil sem dar nenhum valor a Democracia, Constituição ou Estado como na Russia e China.



Diante de tantas instabilidades e loucuras, Trump busca armar as pessoas e joga o povo contra o povo, enquanto ele assiste o seu espetáculo das mansões Trump ou da Casa Branca digitando mensagens pelo Twitter. As milícias rompem os laços com suas origens de garotos pobres e fazem guerra pelo mundo, sendo financiadas pela indústria da morte contra os pobres. Entre Direitas como EUA e Hungria, e esquerdas como China e Rússia, ambas ditatoriais, vive-se guerras civis silenciadas com medos de militares, milícias, crime organizado e drones assassinos; enquanto o mundo precisa de moderação, aprofundar a democracia e gerar riquezas que circulam, pois não temos outro Planeta. Mais do que soldados precisamos de inteligência, valores, qualificações técnicas, solidariedade, causas e profissionais de saúde, biólogos, ambientalistas… e todos que puderem humanizar as pessoas e as tecnologias que criamos. Menos Trump, mais Joe Biden, Harris, Obamas, Ossoff, precisamos fortalecer a educação, arte, saúde, questões sociais como enfrentarmos o poder das drogas e do crime organizado, salvar o planeta, habitação, cidades saudáveis, novas tecnologias e outros. Sim, temos que gastar nossas energias nisso, e não nossas riquezas em viagens pelo espaço enquanto a maioria sofre, os suicídios aumentam e os ricos sonham com uma vida e guerra nas estrelas para fugir da realidade.



Em 15 de maio de 1848 em Paris, o Presidente francês Philippe Buchez foi apanhado de surpresa, durante os primeiros minutos de ocupação das galerias pelos populares, a Guarda Nacional conseguiu dominar a situação e o espaço interno da assembleia foi evacuado. Em 6 de janeiro de 2021, o Congresso Nacional americano é invadido por apoiadores de Trump, estimulados por ele, durante uma sessão que oficializa a eleição do novo Presidente Joe Biden que derrotou Trump. Um garoto rico e mimado como Trump que nunca estudou História nem política, nem serviu ao seu povo antes de ser Presidente, não sabe, nem viveu, as consequências de uma guerra civil, acha que o Estado é uma empresa onde ele manda, mas quem manda no Estado não é a vontade de um, de uma Máfia ou Oligarquias corruptas mas algo que denominamos Leis e Constituição.  Na época da Comuna de Paris, o mundo passou pelo que foi denominado Primavera dos Povos, mas as consequências de nossas últimas primaveras árabes e outras , infelizmente foram mais Ditaduras, Trumps, Bolsonaros e outros.



Os problemas sociais ou melhor milhões de vidas não têm conseguido solução no Estado ou nas atuais políticas públicas, sobra superficialidade e debilidade, falta consistência, visão integrada e sistêmica, sensibilidade, sustentabilidade e impacto social. Em épocas de testes e validação de vacinas contra Covid19, talvez possamos entender o que significa impacto. Ninguém quer tomar uma vacina que não prove sua eficácia e resultados, mas temos tomados todos os dias e horas, os efeitos de trilhões gastos em políticas públicas que pioram as vidas, a pobreza e o mundo que vivemos. Acho que 1% da população não vai conseguir salvar o mundo sozinha mesmo com todo dinheiro do mundo e não deve matar bilhões de pessoas em nome de seus egos e medos. 



As oficinas nacionais na França foram fechadas no dia 21 de junho de 1848, e a História continuou a ser inscrita pela autonomia das pessoas construírem seus destinos independentes de Trump, Hitler, Stalin, Mao e outros que não tem vergonha de seus delírios e como chegam ao poder com brutais violências, corrupção e mentiras. Mais educação, trabalho, natureza, arte, tecnologia, saúde, espiritualidade, amor, é o que precisamos sem politicagem e ditadores.     

  



Talvez , o maior problema que temos é se a Historia tiver sendo escrita por um roteirista de ficção como Simpsons. Outro cenário provável é que Ditadores ao ver seu reino ruir, tornam-se suicidas políticos como Hitler e outros, ao descobrir que o ódio não é o mesmo que sacrifício e que amor vence as guerras.



   


 



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