SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sexta-feira, 17 de março de 2023

REFUNDAR A ESCOLA! O ENSINO DA MATEMÁTICA, ARTES, E ÉTICA INTEGRADOS.


 


A educação, ciência, economia, e a política dependem do ensino da matemática, lógica, cálculo, mas também da imaginação artística, e da ética no mundo onde muitas técnicas, ciências, tecnologias, economia e políticas foram usadas para destruir o mundo e milhões de vidas pelas violências, desigualdades e pobreza.

 


A busca por esses caminhos no ensino envolve pensamentos complexos, dinâmicos, transdisciplinares, sistêmicos para problemas e desafios complexos, dinâmicos, transdisciplinares, e sistêmicos que infelizmente são tratados de forma fragmentada, linear, e instrumental.



Se até para escrever esse texto é preciso didática para alinhar os argumentos, a lógica, imagina para dar aula. Só que a didática em sala de aula exige muito mais que uma abordagem conteudista exige a conquista da atenção, a percepção, memória, as diversas formas de apreender de cada aluno, dialogar com os conhecimentos pré existentes com uma educação humana com afetos, interação social, desenvolvimento de múltiplas linguagens matemáticas, artísticas...

 

E mais importante, a didática não se restringe a sala de aula é preciso lidar com as questões sociais, econômicas, ecológicas para lidar com as violências, desigualdades, processos de alfabetização, letramentos, vários tipos de aprendizagem entre outros.



Quando Spinoza escreveu “Ética demonstrada à maneira dos geômetras” ele aprendeu com a natureza e a espiritualidade usando uma linguagem matemática. Como se deu o desenvolvimento do pensamento matemático de Spinoza? que é considerado um dos filósofos mais importantes para a ciência e a arte. Como a linguagem matemática nos ensina a pensar e criar? É um elemento central da didática através do qual busco mudar a sala de aula.Sem o cálculo não haveria celulares nem GPS. Não teríamos desvendado o DNA nem criado o coquetel que neutralizou a Aids. Não conseguiríamos armazenar milhares de músicas num aparelho que cabe na palma da mão. Os astronautas não teriam acertado o caminho até a lua. Voltamos aos gregos e aos primeiros lampejos do que seria essa linguagem misteriosa e maravilhosa. 



Outro elemento é Jung  que escreveu para Freud “A razão de existir mal no mundo é que as pessoas não são capazes de contar sua história” As crianças e os jovens precisam falar sobre as violências que sofrem por isso precisamos escutá-las. Afetos são necessários em nossa didática como caminhos de autonomia e aprendizagem. Esse princípio ético deveria ser parte do ensino da religião para outras escolas possíveis. Quantas violências sofridas em casa e na comunidade onde moram entram na sala de aula? As desigualdades traduzidas em matemáticas impactam a educação, mas porque queremos falar de notas sem essas métricas? Nós podemos integrar tudo isso em uma pedagogia de projetos, acompanhar a aprendizagem com registros e documentação pedagógica, aprender com o cálculo a dividir os problemas em parte e integrar as soluções tendo a ética como caminho e a arte como expressão.



Estava chovendo quando escrevia essas palavras na casa dos meus alunos, derrubando seus lares, suas famílias, sua alfabetização, educação, suas escolas, suas vidas. Em outras épocas seus corpos eram crucificados, outros morreram em câmaras de gás, hoje seus próprios lares e escolas matam milhões em vida ao lhe negarem o mínimo para apreender. Muitos se omitem e se calam, mas falam em tragédias em outros países ou fascismos políticos em nosso Brasil. Muitos falam em Pedagogia da autonomia, indignação e amorosidade sem vivê-las, em momentos difíceis se calam e se omitem. Poucos que lutam, se revoltam, sentem na pele e denunciam a opressão na escola como Freire fez são criticados pelos capitães do mato que se rendem ao sistema. A fibra ética e coragem não se ensina pelos livros e a escola grita por repensar a didática, a sala de aula, a luta dos professores. 


 

Portanto, repensar a didática e a sala de aula é refundar a escola numa perspectiva freiriana emancipatória, solidária com consciência crítica social e ecológica. Não numa perspectiva da de fazer o L de Lemann, Itaú...Não numa perspectiva de uma razão instrumental mas da experiência: o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Pensar a educação: a partir da experiência, do sentido. Uma pedagogia de projetos de vidas e lutas. Não é como papagaios repetir palavras.


 


“Uma sociedade constituída sob o signo da informação é uma

sociedade na qual a experiência é impossível. [...] a obsessão pela

opinião também anula nossas possibilidades de experiência, também

faz com que nada nos aconteça”. (BONDÍA, 2002, p. 22)


 

Ao sujeito do estímulo, da vivência pontual, tudo o atravessa, tudo oexcita, tudo o agita, tudo choca, mas nada lhe acontece. Por isso a velocidade e o que ela provoca, falta de silêncio e de memória, são também inimigas mortais da experiência (p. 23). Na escola: currículo organizado em pacotes cada vez mais numerosos e curtos. Os processos educacionais escolares, pouco contribuem para que os estudantes possam se situar como sujeitos da experiência. Me parece que temos formado professores assim.

 


Ações educacionais (re)fundamentadas sob o prisma freiriano situam-se como importantes instâncias de insurgência e resistência à perspectiva educacional instrumental.


• Ao reduzir a educação à formação para o mercado de trabalho, a perspectiva instrumental, denominada por Freire de educação bancária (1981), assume um caráter funcionalista, impositivo, conforme às demandas mercantis, com acento nos conteúdos de ensino e em processos formativos planificados.


• Na vertente radicalmente oposta à perspectiva instrumental, (re)fundamentar as ações educacionais com base nos pressupostos ontológicos e epistemológicos de Paulo Freire significa militar em prol do fortalecimento da perspectiva educacional autoral, culturalista, emancipadora e solidária. Significa ir ao encontro da conscientização, por meio da pedagogia situada, da educação dialógica, que pensa a aprendizagem a partir das condições reais de cada grupo e concebe a linguagem como prática social.


• Práticas educacionais (re)fundamentadas sob o prisma freireano são potentes para empoderar os sujeitos sociais para as necessárias insurgências e resistências, no atual momento da educação brasileira.

 

Pesce e Bruno (2022, p. 16)

 



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