SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sábado, 22 de julho de 2023

SER OU NÃO SER BARBIE? AS BONECAS SEM SHAKESPEARE!

 



A diretora Greta Gerwig do filme Barbie será aclamada no Oscar em 2024 pela catarse e terapia que ela provoca no cinema e nas reações ao filme na sociedade, e claro no marketing. Sim Barbie não é só um filme ou uma boneca, é um ícone cultural. Greta Gerwig dirigiu em 2017 o filme Adoráveis mulheres que concorreu ao Oscar e de forma apaixonada e ativista, duas qualidades das mulheres que amamos, nos ensinou que em várias épocas de nossa sociedade a mulher era refém e obrigada a casar para não se excluída completamente da sociedade e muitas vezes de viver sem ter como pagar suas contas. Talvez hoje seja pior, é o que Barbie nos denúncia quando mulheres são reduzidas a seus corpos como se fossem pedaços de carnes sem sentimentos, nem como expressar seu ser para atender os caprichos, vaidades e arrogâncias de homens machistas e "burros" que se espelham em cavalos? Mas as mulheres assim como Lady Bird, outro filme de Greta Gerwig, sempre encontram os caminhos e a hora de voar com Barbie não vai ser diferente.



Entender determinados conceitos como patriarcado e indústria cultural ajudam a compreender melhor o filme, mas não temos dúvidas que muitas pessoas saíram sem entender muitas mensagens do filme, outras se revoltaram no meio do filme e se levantam quando a verdade dói e denuncia quem achava que o filme era apenas para entreter e brincar de boneca. As bonecas crescerem e seus sonhos não foram realizados, apesar das lutas feministas, o mundo não entregou nem pela beleza, nem pelo amor, nem pão nem flores. Mais violências e mortes contra as mulheres acontecem todos os dias. Violências que obrigam bilhões de mulheres a transformar suas vidas em teatro para agradar a todos menos a elas, negando suas dores e sofrimentos diários, negando sua existência e sonhos. Sonhos delas? Não! O que o homens querem que elas sejam produtos para seus desejos. E no filme a diretora pede para as mulheres repetirem as palavras que as libertam, uma pratica terapêutica que usada pelo cinema se transforma numa prece e numa vingança contra poderes que negam o amor as Evas. 




Mulheres e Deusas que brincam com ícones culturais machistas como Poderoso Chefão e uma Odisseia no espaço com as palavras de uma boneca que não tem vagina, nem complexo de édipo ao se relacionar com sua criadora. A arte, os brinquedos, a economia e o imaginário se associam por caminhos inesperados como os brinquedos LEGO na educação, mas uma boneca é poderosa por ensinar as meninas a criar seus bebês, a espelharem suas roupas, estilos de vidas e corpos, mas o filme Barbie nos ensina  a se revoltar contra as próprias bonecas, ou a boneca a se revoltar com ela mesma? ou as mulheres com as próprias mulheres, seus corpos, celulites, e múltiplos papéis sociais que são obrigadas a exercerem quando querem reduzir elas as suas vaginas ? 



Sim primeiro vem a costela e o Paraíso, depois a culpa por ter mordido a maçã proibida do conhecimento de outras realidades e vidas, como por exemplo de bonecos kens que não sabem se cuidar, mas não tem māes, e estão perdidos na sociedade que não precisa de machões mas apenas de seres humanos. Quando elas descobrem a existência da morte, será que queremos viver a vida toda como bonecas ou ganhar vida e realidade nossas existências únicas belas, boas e justas ? Qual a pílula vai tomar azul ou vermelha as pessoas que estão assistindo o filme da Matrix Barbie de uma guru tipo Morfeu só que estranha? Que música vai dançar na vida da Barbie girl? Que cenários vai escolher? Viver vidas artificiais camufladas por roupas, reis violentos ou o real com água e leite de verdade? E suas amigas vão sair para beber, mas vão conversar sobre suas vidas, transformação e lutar juntas?  




E nem falamos de amor ou justiça social como salários iguais no filme porque talvez esses temas não vendam Barbies e não interessa a empresa que fabrica a Barbie! Talvez reposicionar a imagem da boneca seja urgente quando meninas destroem suas barbies porque nem o mundo, nem elas são parecidas com a Barbie Lândia. O despertar do vazio existencial, da luta contra as drogas ou o suicídio de jovens são temas pesados demais para tratar no Multiverso Barbie que seduz e obriga corpos a se tornarem escravos de suas mentiras e mortes. Mas se tem algo incrível e mágico que sentimos nessa vida e nesse mundo por mais duro que ele seja é o amor. 



Amor a árvore mãe da Amazônia. Amar as BARBIES que mesmo cansadas e destruídas por essa guerra contra o feminino que nutre a terra e do qual seus úteros somos filhos. Assim como a mãe natureza, elas nos ensinam todos os dias sobre o cuidar e buscar nossas raízes, assim como lindas bruxinhas com suas mágicas nos ensinam a não ter medo das liberdades delas e de suas autonomias que as fogueiras devem queimar os poderes ditos religiosos e políticos que as mataram ou as estupraram em guerras para saciar os instintos de homens diabólicos. A verdade é que os homens têm que rever suas ideias, comportamentos e violências, e não atacar as flores e frutos do jardim que sem elas não existe vida de forma plena. Esses talvez sejam os temas para Barbie 2 mas o melhor que ganhassem sabor, saber, atitudes nas lutas das mulheres agora com apoio de todos e todas para chorar e se emocionar com cada conquista em suas vidas começando a serem amadas de verdade. 



Ser ou não ser Barbies? As bonecas precisam de Shakespeare para ser consumidas por amor a elas, serem donas dos seus destinos e não marionetes que padronizam com ilusões trágicas um mundo e uma vida cor de rosa para os interesses comerciais que as usam e descartam suas vidas e seus corpos. Logo elas que tanto amam seus filhos são mortas em vidas pelos podres e brutos interesses de uma sociedade patriarcal. 


A Última Dança

 

Oh meu doce sofrimento

Por que você insiste? Você começa de novo

Eu sou apenas um ser sem importância

Sem ele, estou um pouco perdida

Estou vagando sozinha no metrô

Uma última dança

Para esquecer minha imensa dor

Eu quero fugir, deixar tudo começar de novo

Oh meu doce sofrimento

 

Eu movo o céu, o dia, a noite

Eu danço com o vento, com a chuva

Um pouco de amor, um fio de mel

E eu danço, danço, danço, danço, danço, danço, danço

E no barulho eu corro e tenho medo

É a minha vez?

Vem a dor

Em toda Paris, eu me abandono

E eu voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo

 

Que esperança

Neste caminho, na sua ausência, eu posso me esforçar

Sem você, minha vida é apenas uma decoração que brilha, sem sentido

 

Eu movo o céu, o dia, a noite

Eu danço com o vento, com a chuva

Um pouco de amor, um fio de mel

E eu danço, danço, danço, danço, danço, danço, danço

E no barulho eu corro e tenho medo

É a minha vez?

Vem a dor

Em toda Paris, eu me abandono

E eu voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo

 

Neste doce sofrimento

Pelo qual eu paguei todas as ofensas

Veja o quanto meu coração é enorme

Eu sou uma criança do mundo

 

Eu movo o céu, o dia, a noite

Eu danço com o vento, com a chuva

Um pouco de amor, um fio de mel

E eu danço, danço, danço, danço, danço, danço, danço

E no barulho eu corro e tenho medo

É a minha vez?

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