UMA FALSA SIMPLICIDADE
A avaliação do professor é um tema de constante debate, e o artigo da Folha de S.Paulo destaca um ponto central: a falácia de se avaliar o desempenho docente apenas com base nos resultados dos alunos.
O especialista chileno Jorge Manzi argumenta que esse método, à primeira vista lógico, é na verdade superficial e injusto, ignorando a complexidade do processo educacional.
A crítica de Manzi, um dos maiores nomes em avaliação educacional na América Latina, é clara: o excesso de controle e a pressão por resultados padronizados, como notas ou exames, podem sufocar a autonomia do professor e, ironicamente, prejudicar o aprendizado.
Ele usa uma analogia poderosa, comparando o professor a um médico.
Assim como não seria justo julgar a qualidade de um médico apenas pelo número de mortes de seus pacientes (que pode ser influenciado por fatores fora de seu controle), não é correto avaliar um educador unicamente pelo desempenho dos alunos.
O ambiente familiar, as condições socioeconômicas e até a saúde emocional dos estudantes são variáveis que afetam os resultados e que o professor, por mais competente que seja, não pode controlar plenamente.
A solução, segundo o especialista, não está na punição, mas no desenvolvimento profissional.
A avaliação deve ter um caráter formativo, ajudando o professor a identificar pontos de melhoria, aprimorar suas práticas e a se desenvolver de forma contínua.
Para Manzi, a introdução de um sistema de avaliação deve ser construída com a confiança e a colaboração dos próprios professores, para que se torne uma ferramenta de apoio, e não uma ameaça.
A burocracia excessiva e o foco em resultados quantitativos retiram do docente a capacidade de agir de forma criativa e adaptada às necessidades específicas de cada turma, transformando o ensino em um ato mecânico e sem vida.
Ative para ver a imagem maior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário