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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Avaliação externa na Educação.

 



ENEM, SPAECE, PROVA BRASIL e ENADE! Algumas Universidades adotam o ENEM que se transforma, anos depois no grande acesso ao ensino superior no Brasil, mas começou como avaliação de Redes. Em 2005 com o advento do PROUNE, o ENEM se torna um exame de avaliação nacional, alem de instrumento de acesso ao PROUNE e FIES. A PROVA BRASIL a nível nacional e o SPAECE a nível estadual se tornam sistemas de avaliação realizados por redes estaduais mas que remetem a PROVA BRSSIL. O ENADE se torna um sistema de avaliação do ensino superior incluindo avaliação da estrutura fisica, corpo docente e uma prova para os alunos. A partir de 2011 passa a ser uma prova no final do curso. O ENADE se torna assim, um caminho de avaliar a qualidade do ensino superior a cada três anos, inclusive para fechar as instituições que não alcançasse o padrão mas nunca cumpriu essa função.


Esses quatros sistemas de avaliação adotam a teoria de resposta ao item, avaliando o nível das questões que você acertou, muito mais do que quantas questões acertou. Questões diferentes para pessoas diferentes vai me dar o nível dos estudantes quando comparados em séries históricas, gerando uma métrica de comparabilidade. Todas elas remetem ao PISA realizado pela OCDE, visando comparar a educação entre países, focado na resolução de problemas como matemática e interpretação de textos. Esses dois eixos influência a reforma do ensino médio brasileiro que prioriza o português e a matemática, da mesma forma o SPAECE. O PISA influencia o governo federal, estaduais e municipais. 


Ma a avaliação externa é boa ou ruim ? Primeiro ponto serve para prestação de contas. Antes centrada no gestor, pais e políticos eram eles, a propria métrica de qualidade da escola. Enquanto a avaliação externa cria um comprometimento da comunidade escolar para saber se as coisas estão funcionando através de critérios objetivos, podendo otimizar os recursos. Essa avaliação pode super pressionar os Diretores e Professores por resultados, onde nem sempre eles possuem os recursos para lidar com os problemas que atinge alunos, pais e escola. Porém esses profissionais passam a receber bônus, dinheiro e recompensas pelos resultados apresentados pelas escolas nesses exames de avaliação externa mas ao mesmo tempo isso impacta a saúde docente e a qualidade de vida desses profissionais. Outro efeito perverso desse processo é que passam a dividir as salas de aula pelos melhores, e o acesso ao tempo integral passa a também ser dos melhores. Dessa forma as escolas estão mais preocupados com os resultados do que a escola em si e totalidade de seus alunos.


Avaliação e transparência permite o controle social da escola medindo se ela é boa ou ruim. Sem a transparência dos dados, resultados e indicadores, a sociedade não pode cobrar, o que uma cultura de dados públicos viabiliza e o acesso a eles permite uma gestão mais competente. Melhorias objetivas dependem desses dados.  


Por exemplo nossos dados socio econômicos do ENEM é um exemplo de dados públicos fundamentais, mas nem todos os Governos fornecem ou disponibilizam esses dados . A escolha das escolas por pais dependem desses dados, assim como as melhorias da educação refletindo sobre os diversos dados: socio econômicos, notas, formação do professores e outros. Isso gera séries temporais. 


Porém se partimos da premissa do que estamos avaliando pode ser entendido como qualidade. No limite não discutimos o que é avaliar ! O que é bom e ruim na educação ? é a nota, as capacidades desenvolvidas , os valores humanos ou outra ? Qual o propósito da avaliação?  Infelizmente ligamos o piloto automático da avaliação mesmo que o avião vá se chocar com montanhas ou seguindo rotas sem destino! 


Já avaliação interna tem limites ela é influenciada pelas relações pessoais, o que alguns consideram importante, normalmente não usa estatística e outras. Porém a avaliação externa padronizada é necessária e complementar a avaliação interna. No mundo real existe pouco dialogo entre elas. E a avaliação interna passa a ser um simulacro de avaliar. A neutralidade das avaliações externas é falsa, porque nega as especificidades, contextos e diferenças entre escolas sempre muito diversas em suas condições. Negamos também os aspectos educacionais focando apenas em dados objetivos.


As avaliações externas coloca os alunos no centro do debate. Agora os bônus das escolas e os salários dos professores dependem deles. Os alunos competem entre si, uns recebem computadores, outros ganham viagens internacionais, agora em que condições essa responsabilidade se dá? Esse aluno pode ser punido ? as vezes esta desempregado ou seu bairro é violento! Ele consegue acompanhar uma escola em tempo integral ? isso vem gerando uma escola dos melhores e outra dos piores! Agora eles também são cobrados pelos resultados da competitividade da economia . No Brasil em que processos e politicas publicas são interrompidas. Isso é perigoso .


Por fim no currículo o peso maior é dado ao português e matemática. Em anos passados cada Universidade tinha sua prova e na maioria das questões o foco era decorar. O ensino médio era apenas um cursinho preparatório para o Vestibular. Vem o ENEM com provas interpretativas e o ensino medio ganha um nova perfil e missão, com uma prova para o Brasil todo, currículo mais padronizado, que permite um olhar mais para o Brasil. Assim o tipo de vestibular têm consequências na sala de aula. O currículo agora se reduz, com produção de textos, soluções de problemas, focando em habilidades que é possível ser padronizadas, gerando um empobrecimento do currículo, os conhecimentos municipais e estaduais somem, são negligenciadas e apagados. Isso afeta a autonomia docente que dificulta explorar novos caminhos e isso desestimula professores a buscar conteúdos e abordagens diferentes.


Por fim o gerencialismo invade as escolas com dados, avaliações, e todas as conseqüências que isso provoca. O resultado da escola agora depende disso. A gestão escolar depende dos dados e a capacidade de gerencia-los em busca de qualidade, reduzir custos, premiar alunos, dar bônus aos professores. Ao invés de controlar o que se produz como educação se foca no produto das notas ! O processo pedagógico é negligenciado, como observamos no processo da OAB que agora depende do advogado passar e não a formação das Faculdades de Direito. Agora o foco é treinamento para prova da OAB e assim como educação se perde a própria razão de ser da educação.

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