SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Os educadores têm que ser educados sobre isso. página 4.


 

A História e o pensar sobre a educação muitas vezes foi reduzida ao Estado e ao mercado, numa visão dualista e reducionista que aprisionam e negam outras dimensões e caminhos educacionais. Quando falo em Educação para vida é simples, não deixo ela refém do Estado ou do Mercado , sem negar obviamente que são dois eixos que estruturam seus pilares na sociedade que vivemos. Porém, como escreveu Max Weber com a Ética protestante e o espírito do capitalismo, a espiritualidade impactou a economia e com ela o Estado, a educação e outros. Os judeus ensinavam suas crianças a ler e a escrever nas sinagogas, incluindo as mulheres, antes das escolas. A natureza e agora as mudanças climáticas sempre impactaram a educação de formas diferentes que o Estado e o Mercado, como vemos agora na pandemia com o ensino virtual. A tecnologia cada vez mais impactaram a educação desde a eletricidade, transportes, meios de comunicação que viabilizaram a escola e suas burocracias para gerenciar o ensino hoje. Imagine o que acontecerá com a inteligência artificial nas escolas e Universidades ? Sim devemos pensar e falar sobre isso. A família sempre impactou a educação, isso é consenso, mas é difícil separar a família da política social e educacional do Estado como integrou a Finlândia, sendo um excelente exemplo do olhar para educação numa visão sistêmica e complexa.  É nossa tarefa como educadores dialogar com todos esses Universos e integrá-los a uma pesquisa e projeto de educação para vida. Não devemos reduzir a história a um pensamento linear que também reduz a educação ao Estado e Economia .Isso é bom para o método científico mas não condiz com a realidade e a verdade, está felizmente mais complexas. Antes de educar os alunos, os educadores têm que ser educados sobre isso. A escola é um meio para educar mas não é o único, essa é uma boa notícia. 



Sim, esses argumentos não são suficientes, vamos falar sobre os alunos ? Hoje a escola compete com diversos meios na missão de educar, entre eles observamos o impacto das redes sociais, games, celulares mas também das violências, desigualdades, drogas, abandono das famílias e outros. Existe uma necessidade de incluir as emoções e sentimentos na educação por motivos racionais, como hoje está provado por Spinoza e a neurociência, ela antecede a razão. Os filmes, quadrinhos, músicas conquistam nossas crianças e jovens e temos que aprender a usar a arte como uma importante dimensão para ensinar ciências, matemática e até filosofia. Nós educadores competimos com os heróis imaginários da juventude na Marvel e DC mas também com os símbolos gerados pelas armas, tráfico e dinheiro nas comunidades e cidades. Temos que vencê-los e nos educar, esta e as próximas gerações. 



Outro desafio para essa e as próximas gerações é ampliar o dicionário e conceitos que carregam em suas cabeças que dependem também de ampliar as vivências e experiências. Como escreve Wittgenstein, as palavras que carrega em sua mente definem o tamanho do seu mundo e, claro, a capacidade de pensá-lo. Temos que colocar essas palavras e conceitos para dialogar entre si e com as experiências que os alunos vivem de forma complexa, dinâmica e sistêmica. Mudando as teorias e as práticas. Como já escrevi no texto anterior, dá o mesmo trabalho ensinar de forma complexa e sistêmica do que linear e fragmentada. Porque continuamos a castrar o potencial e a inteligência de nossos alunos? De forma didática temos que aprender novos caminhos. Antes de educar os alunos, os educadores têm que ser educados sobre isso. A escola é um meio para educar mas não é o único, essa é uma boa notícia. 



Por isso estou criando uma plataforma na internet e nos celulares para atuar como uma bússola de educação integrando todas as dimensões que impactam a educação e as diversas práticas pedagógicas, visando interagir com os desafios do mundo que vivemos, a nossa sala de aula ampliada para mentes ampliadas pela educação. Um exemplo didático que gosto de citar é que tenho uma Professora de método científico, Doutora em Educação, que ela assim como eu conhecemos um projeto social e uma comunidade chamada Prainha do canto verde. Eu visitei várias vezes esse lugar assim como ela, eu com meu olhar de educador, cineasta e empreendedor social e ela com o olhar acadêmico, incluindo de geografia, que acredita e luta também por essas causas e desafios sociais. Se podemos comparar um relato feito por nós dois, sobre essa pesquisa e experiência, teremos abordagens diferentes, conceitos, práticas e dimensões pelas quais vamos priorizar entre vários e diversos elementos que compõem essa realidade múltipla e diversa, mas também singular sobre as várias pessoas que vivem nela, incluindo  nosso olhar sobre elas. Ela seguirá o método científico em sua missão acadêmica, eu como tentei relatar nesse texto, vou misturar vários ingredientes que não podem ser reduzidos infelizmente ao método do que muitos consideram científico. Em ambos relatos várias questões importantes serão abordadas e novas fronteiras desbravadas pelo conhecimento. Talvez foi isso que levou Paul Feyerabend a escrever ``Contra o método" ou, melhor, o debate realizado por Bruno Latour e outros antropólogos sobre os limites e a ideologia da ciência. Assim como uma visão reducionista da educação feita apenas sobre olhar do Estado ou do Mercado, a Ciência também tem o poder de anular o potencial e capacidades críticas e criativas das pessoas, se tornarmos reféns de seus métodos que viram dogmas e deixamos de dialogar com a vida e a realidade complexa, interdisciplinar, intersetorial , múltipla, diversa e sistêmica.



Por isso vou escrever nas próximas páginas sobre a História da educação numa perspectiva do diálogo entre gerações, de como as imigrações, a interação entre saberes, culturas e sociedades impactam nossa forma de pensar a educação. Vivemos como diz Peter Sloterdijk em bolhas, ou melhor no círculo da Terra na teia da vida iluminada por matrizes de saberes sistêmicos e complexos. Necessito integrar Educação, Saúde e Economia na Teia da vida, porque uma não vive sem a outra e dialoga com profundos impactos em nossas formas de ser, pensar e viver. Necessitamos de conceitos Transversais como Bolha ou matriz que é um substantivo feminino, órgão das fêmeas dos mamíferos, na cavidade pélvica, onde o embrião e posteriormente o feto se desenvolvem, o útero. É um lugar onde algo é gerado e/ou criado de onde começa a educação para vida. Outros conceitos transversais como autonomia, sinergia e impacto são abordados. Assim como a necessidade de pensar práticas educacionais que dêem vida a esses conceitos através da bússola na internet ou outros métodos de Planejamento, Estudos, Pesquisas e Experiências.



Buscamos compreender a trajetória e escolhas de vida como medida de todas as coisas. A luz de pensadores sistêmicos como Spinoza, Arthur Koestler, Goethe, Victor Hugo. Através de histórias trans valorativas que não se reduzem a um saber ou método : Biografias, História das Cidades, Guerras e Ditaduras, Capitalismo na América, Socialismo no Leste Europeu, Descobertas científicas, Relação do humano com a natureza, História da Arte, História das Religiões, sobre ódio e crimes, sobre Educação e outras. Elas abordam desafios sistêmicos e como foram vivenciados em suas épocas, assim como emergiram inovações na Economia, Educação, Vida nas cidades, Democracia, Arte, Saúde, Tecnologia, Espiritualidade, Habitação, Meio Ambiente.  Elas nos ensinam importantes lições, como realidades também criadas por nós, nossas idéias, Estado e Economia destroem vidas com Guerras, Epidemias, Pobreza, Drogas, Ditaduras, Solidão, Ignorâncias, Injustiças, Destruição da natureza, Violências, Mal.  



Necessitamos dialogar com conceitos transversais como Potência, Imaginação, Criação, Ecossistemas, Economia, Política, Tecnologia, Natureza, Estado, Educação, Saúde, Sociedade, e Arte para superar esses desafios. Ao mesmo tempo realizar uma avaliação estratégica da aprendizagem e seus impactos, a luz de educadores como Edgar Morin, Paulo Freire, Vygotsky, Dewey, essa é a nossa missão de um Projeto de pesquisa e Educação para vida num mundo de mortes, vazios existenciais, destruição da natureza e brutais desigualdades e violências. 



É urgente aprender a pensar com as máquinas no uso de tecnologias educacionais, apreender com as mudanças climáticas, entender a arte e espiritualidade como saberes, compreendermos como a política, a sociedade e as cidades nos educam, que as ciência nos educam mas principiante que o amor educa. Antes de educar os alunos, os educadores têm que ser educados sobre isso. A escola é um meio para educar mas não é o único, essa é uma boa notícia. 




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