SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

quarta-feira, 10 de março de 2021

SINFONIA EDUCACIONAL PARA VIDA. página 1.

 

ALLEGRO! Alegria de unir as novas descobertas num mundo em grandes e profundas transformações ! 



Palavras como educação, saúde, economia, vida e outras não podem ser reduzidas a conceitos sobre a ótica de um único pensador ou outro que viveram períodos históricos distintos dos nossos, se nosso objetivo for educar pois reduz de forma linear e fragmentada o nosso pensamento e as formas como interpretamos a vida e o mundo que vivemos. Conceitos são notas que dependem do instrumento que toca e da música que faz parte pois o pensar é orquestrado na interação com outros, experiências, capacidade critica, imaginação, linguagem e outros instrumentos educacionais ! O conceitos ensinados de forma isolada reduzem e mecanizam a nossa capacidade de aprender . Talvez porque o ensino se tornou uma linha de produção de mentes fabricadas pela ordem de cada ingrediente e etapas, ate empacota-la no final e vende-la ao mercado. E a Escolas e Universidades fábricas de diplomas. 


Algumas pesquisas qualitativas estão sendo feitas para diferenciar o que os professores querem ensinar, o que o currículo manda e o que os alunos aprendem. Mas afinal, o que é educar ? é repetir palavras sem refletir de forma complexa, interdisciplinar, sistêmica e dialética com a realidade que vivemos? focada num produto final avaliado por notas ? sem teses, antíteses, dialogo, sínteses, compreensão e outras formas de aprender ! Muito mais que repetir conceitos, eles devem refletir teorias e práticas que integram saberes, culturas, incluindo os dispositivos econômicos sociais que nos formam, nos exigindo atualizar o conhecimento para refletir a realidade que vivemos; o passado no presente em direção a um futuro que não conhecemos. 


Os conceitos pensados de forma a- históricas servem apenas para repetir palavras mas pouco ajudam a pensar, criticar e criar os momentos históricos que vivemos, dialogando com quem somos e o mundo que nos cerca. Os acontecimentos históricos moldam os desafios educacionais de uma época e a partir deles escutamos as notas que irão compor a sinfonia educacional para nossas vidas, assim como os instrumentos, ambientes e pessoas necessárias para tocá-las em toda sua plenitude. 


PENSANDO COM DURKHEIM, MARX, E MAX WEBER.



Segundo Durkheim, as sociedades funcionam e mudam pelos fatos sociais, a divisão do trabalho e outros. Seguindo Marx aprendemos como o capital cria e estabelece o capitalismo, a mais valia e a luta de classes na história. Enquanto Max Weber coloca a burocracia e a espiritualidade protestante como eixos da modernidade. Como esses pensadores impactam a educação e o mundo que vivemos ? no processo de transição social com profundas transformações tecnológicas, sociais, econômicas e ambientais ? 


Por exemplo, a burocracia se transformou em tecnologias de controle na internet e nas nuvens impactando a educação e a economia. O capital agora com o domínio do mercado financeiro se reproduz sem vínculo direto com o trabalho e a economia real, portanto as empresas não dependem mais das escolas profissionalizantes e sim de centros de pesquisas que responsabilizam a educação por falta de inovação. A tecnologia com Big datas e inteligência artificial está assumindo várias profissões na divisão do trabalho como Direito, Medicina e outras, a fábrica se robotiza, os empregos vivem a uberização no encontro entre tecnologia e financeirização da vida. Enquanto a Escola ainda se reduz ao mesmo papel da modernidade focada em currículos e disciplinas com objetivo de passar na Universidade, tendo poucos vínculos com as comunidades, cidades, projetos sociais e ambientais, saúde, arte, tecnologia, apoio à família e outros. Hoje as Escolas e Universidades estão sendo convidadas pelas mudanças que atravessamos para ampliar seu papel numa educação para vida, não apenas se reduzir ao ensino de disciplina, vestibular e escola bancária de sala de aula. O mundo deve se tornar uma sala de aula orquestrada por maestros Professores nas escolas e Universidades em currículos fractais por múltiplos caminhos respeitando a singularidade de cada pessoa.



Necessitamos viver uma Sinfonia educacional tocando a razão, os sentimentos, a imaginação, valores e outros para que cada pessoa potencialize seu aprendizado com a própria vida e sua jornada pelo mundo incluindo a família, escola, universidade, empresa individual ou coletiva mas também a cidade, a arte, espiritualidade, tecnologia e outros que continuam a nos educar mas infelizmente sem desenvolver nossas capacidade críticas e autonomia para nos libertar dos poderes.



Sim precisamos aprender a nos auto governar e também como a neurociência tem provado, colocar os sentimentos como fatores determinantes para o aprendizado porque assim nosso corpo e cérebro funcionam. Segundo o Neurocientista Antônio Damásio  “O princípio de tudo foi a emoção. Sentir não é, portanto, um processo passivo”. Por isso escolhi a metáfora da música e da arte como caminho integrador das várias pedagogias que em momentos históricos e séculos distintos iluminam caminhos de aprendizagem e descobertas da humanidade, revolucionando as formas de ser, educar, viver e nos governar com sinfonias educacionais. A sinfonia segue a melodia da natureza.

 

   

Sinfonia é uma composição musical para orquestra, em forma de sonata, dividida em três ou quatro partes (allegro, andante, scherzo ou minueto e final ou rondó). Toada harmoniosa; harmonia ou melodia. Buscamos assim uma pedagogia "sinfonia" em quatro partes que durante nossa jornada toque nossas razões, sentimentos, imaginação e outros; aprendendo com a vida a lidar com a complexidade do mundo e da natureza que somos parte, desenvolvendo uma visão sistêmica que nos ensine como chegamos até aqui e para onde podemos continuar nossa jornada e sinfonia. 



Por isso o conceito de educação para Edgar Morin é em si uma sinfonia pois cada uma de suas notas / lições geram entre si várias músicas / saberes que dialogam com os desafios de nossa época, conquistando mentes e corações. Transformando a Educação em arte! 


Edgar Morin escreveu seu primeiro livro “  O cinema e o homem imaginário” em 1956 quando propõe estudar a Antropologia a luz do cinema assim como o entrelaçamento entre o real e o imaginário, e pela primeira vez anuncia “ a complexa do eu e a sua complementaridade com a sociedade que vivemos". Ele que sempre teve na arte sua grande metáfora para Educação. 


 

Escutando a música que Edgar Morin toca com suas palavras/ notas está sempre presente a conexão com o contexto que fala de nosso encontro com múltiplas realidades e seus desafios de compreendê-las e transformá-las assim como nossa existência. Essas notas que trazem em si significados múltiplos como quem escuta uma música ao invés de afirmar certezas, métodos e disciplinas nos conquista com suas incertezas, erros e ilusões  que assim como a arte nos ensina e educa misturando o real com o imaginário. 


Assim o conhecimento próprio ganha vida, unindo tons antagônicos e diferentes para dar vida a uma melodia que não se reduz a uma disciplina mas se tece por fios das dimensões humanas e da sociedade, sem fragmentações, sem limites, ao invés de impor formas ou modelos como regras, mas que está aberto a nos ensinar por diversos caminhos a nossa condição humana, a identidade terrena, os imperativos tecnológicos, problemas sociais e econômicos que abriga, sem ser profeta do futuro, mas valorizando as incertezas, as dúvidas e os acasos que nos convidam a escutar, a dançar, a escrever, a filmar a educação como processo artístico a ser compartilhado pela interação entre os diversos e diferentes, dispostos a compor juntos uma sinfonia ética para humanidade e o planeta do qual somos um em constante evolução e transformação complexa.



Claro que além da notas da sinfonia necessitamos identificar os ruídos que ao todo tempo produz simulacros educacionais que querem compor a sinfonia, e ao invés de libertar a compreensão crítica e criativa, os talentos e as capacidades das pessoas, buscam escraviza-las ou consumir suas existências com vazios ou consumos supérfluos que anestesiam suas vontades e capacidades de aprender em harmonia, dificultando o despertar de uma melodia que nos eduque para vida e que possa emergir de nosso ser de forma orgânica como nos ensinou Spinoza. O Conatus para Spinoza é algo que nos move para continuar a existir, nos aprimorar, o desejo de viver e expressar nossa singularidade. Porém ao invés de afirmar singularidades e existências únicas, incluindo suas notas nesta grande sinfonia da humanidade, os ruídos nos condicionam em plateias do teatro da vida sem a capacidade de criticar e criar realidades que transforme nossas vidas e dos lugares onde habitamos.



Hoje assim como em outras épocas estamos vivendo uma transformação histórica das condições que impactam nossas formas de ser, viver, nos educar e nos governar como as mudanças climáticas, pandemia, inovações, disrupções tecnológicas, aprofundamento das desigualdades, pobreza, múltiplas violências, crise da democracia, avanço do crime organizado, tráfico de drogas entre outros. Isso nos leva a buscar rever nossas ideias, modos de vida, atitudes buscando nos libertar de escravidões; até aqueles que nos escravizam com sua política, economia, educação e outros não sabem para onde estão caminhando! 


Muitos modelos e organizações faliram em suas propostas e meios, nossa sociedade está ruindo ou virando múmias, se auto destruindo. As pessoas indo para os extremos porque perderam o eixo ou a bússola que acreditava apontar rumos para suas vidas, somos seres que pensam e agem sistematicamente mas presos em mundos que se organizam de formas lineares e cartesianas. Temos modelos educacionais que se tornaram prisões mesmo em um mundo vivendo grandes transformações. Assim observamos uma comunicação dialética e cartesiana da sociedade se distanciar das transformações que caminham para percepções anti dialéticas, criativas, sistêmicas pautadas em nossa capacidade de interagir e construir nossos futuros. Observo como consequência o sistema que vivemos ruir em alta velocidade em direção a precipícios.  



Cada um desses acontecimentos históricos que presenciamos são fios que tecem nossa realidade e desafios que compartilhamos, somados aos fios que compõe nossa trajetória de vida, temos que desenvolver a capacidade de compreender como chegamos até aqui nesse momento histórico que nos encontramos, criticar os caminhos que seguimos, criar pensamentos, atitudes e imaginações que unam os fios individuais e coletivos numa ética compartilhada. Sim vivemos ao mesmo tempo continuidades, mudanças, evoluções, inovações, disrupções, o que torna necessário e urgente compreender estas transformações para nos conectar a elas transformando nossa educação numa bússola para vida guiada por uma Sinfonia educacional. 



A Sinfonia está dividida em partes, ciclos, etapas que atuam de forma orgânica entre uma e outra, onde a interação de nossa trajetória de vida interage com pessoas, saberes, instrumentos, desafios e ambientes que produzem uma época. Destas trocas, redes e interações emergem propriedades que une fios diversos das realidades que nos possibilitam uma visão sistêmica e complexa da vida e do mundo que habitamos.  


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