SABERES TRANSDISCIPLINARES E ORGÂNICOS.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Pag 30- O Terceiro encontro






No terceiro encontro resolvemos ler o jornal do dia por mero ato de contemplação com o mundo além de exercer o papel de estar preocupado com a economia e a política de nosso país. Nicolau leu em voz alta para todos.

O CAOS IMPERA NO PAÍS, A BOLSA QUEBROU E A MOEDA SOFREU UM ATAQUE ESPECULATIVO! CRIDE FINANCEIRA GLOBAL

Aquelas palavras: caos, quebradeira e ataque faziam parte do vocabulário de nossa turma e eram usadas para retratar o episódio de nossas guerras, que não eram econômicas, mas tinham o mesmo objetivo, fazer falar a nossa arrogância em nome da glória de uns poucos, que, se refugiando no álcool, comemoravam a sua vitória (alguma semelhança com o mercado financeiro? Creio que mera coincidência). E, se soubéssemos as conseqüências que provocariam em nossas vidas a quebradeira e o ataque na Bolsa, teríamos feito algum protesto no teatro para declarar a insanidade da dor, maior que a de David com a bala rápida e passageira. Um fenômeno que qualquer estatístico consideraria improvável aconteceria com nossas vidas, o que a matemática trata como estatística, na vida real, a globalização torna realidade.


Os pais de alguns dos garotos, a partir do plano de “estabilização econômica” para enfrentar a crise das Bolsas, perderam seus empregos, também sobre os efeitos do avanço da globalização. Os pais de Nicolau e Bin eram funcionários públicos e, com a diminuição do Estado neo-liberal acoplado aos cortes de gastos do governo, os dois participaram de um plano de pressão ou demissão, não lembro ao certo, voluntária! Dois outros, que eram empresários, com o aumento dos juros viram as suas empresas serem entregues aos seus “sócios”: os Bancos e as multinacionais que, após a recessão e uma guerra de preços, compraram, “a preço de banana”, a empresa. Os três últimos pais, trabalhadores, não acompanharam o ritmo da produtividade, flexibilidade etc... e com a queda no consumo, em virtude da alta dos juros, os menos hábeis ficam sem direito a sobreviver, afinal seus ouvidos já bem sabiam que o desemprego era estrutural, mas o seu coração se recusava a deixar de bater em nome do deus globalização, que não via naquele tic-tac nenhum sentido a mais.

Portanto o que era antes, os encontros nos teatros, nos bares, passou a ser a busca incansável por emprego. Sete jovens que teriam a difícil odisséia de sustentar suas famílias. Mas como? Se não temos ao menos uma educação adequada, nem experiência, devido a falta do primeiro emprego ou, pelo menos, um espírito crítico para contrapor a toda a esta insanidade. Se tivéssemos aprendido alguma técnica com criatividade, ocuparíamos os lugares de nossos pais, com salários mais baixos. Nem isto tivemos, pois na escola sempre fomos adestrados. Talvez a única alternativa que teremos será a criminalidade de nossos bairros, o tráfico de nossa gang, a violência de nossas guerras... se somos taxados de culpados, quem são os inocentes?

Resolvemos ir até o teatro para discutir aquela nova situação! Bin propôs que fizéssemos uma oração. Muitos que ali estavam nem mesmo sabiam por onde começar, nunca haviam rezado, seu único “santo” era o assassino que tinha esse nome no cinema e não só os santos perderam seu real significado, também palavras como revolução, rebeldia, felicidade, passaram pela “metamorfose” da modernidade que a quase tudo acabou, esvaziando o conteúdo léxico dessas palavras, hoje revolução é usada para definir programas de “qualidade” nas empresas e não sei mais que palavra use para me expressar.

Isaac acreditava mais em Deus do que em sua própria vida, porém não acreditava nas Igrejas, nem nas religiões, discordava do poder e do controle mantido por essas instituições, através de suas riquezas e não entendia principalmente os seus discurso igualitário, cristão e sua prática hierárquica, soberba em suas igrejas de ouro! Como era possível a comitiva do Papa, ser semelhante à de um Rei? Lembrando que os Reis, de fato não pregavam a igualdade entre os homens. Se o Papa é tão importante, porque ele não está sentado à direita do Pai? Pois aqui colocam-no desta forma! Como homem que merece todas as glórias de sua igreja, deveria ser um símbolo concreto de igualdade entre os homens. Deveria transformar as posses da igreja em Roma, em abrigo para os que morrem de Fome, na África... Para mim Gandhi sempre será lembrado, como um líder mais merecedor de determinadas honrarias, embora em outra religião, que muitos dos que ocuparam o cargo de Papa. Não quero dizer com isto que a moral do Papa é duvidosa, pelo contrario, quero afirmar que ele só fica no plano da moral, enquanto a própria Fé sem ações, para libertação do povo de cristo, de mais esse Egito é esta própria que Fé que destrói uma igreja, não se mostrando solícita a enfrentar os graves problemas, que afligem o nosso povo. Não perdemos a nossa crença, não em Deus, mas nos seus digníssimos e constituídos representantes. Certo dia fui tentado a pedir a procuração que Deus passou para o pastor Hipócrates afirmava ter, para falar em nome de Deus, com direito inclusive a vender, locar e sublocar apartamentos no céu, no andar entre o céu e o inferno, mas fiquei convencido por sua persuasão.

Estávamos lá reunidos no Teatro, quando Isaac pediu licença a Bin para fazer a oração, embora com isto, fugisse de sua prática que era outra ou será que se confundia com o próprio Deus a sua procura?

Bin pediu a todos que fizessem silêncio e acompanhassem as palavras de Isaac em sua prece-poesia.

Primeiro ele orou para a luz...
As trevas são o oposto da luz...
Deus não fez as trevas, ele fez a luz
Pois no escuro, todos os caminhos são iguais
Não há para onde ir, já na luz todos os caminhos;
Estão à nossa disposição, as naturezas, as criações...
Exceto o caminho das trevas, pois o escuro é o mal.
E a luz é o bem, a escolha.
Se teus olhos forem bons qualquer caminho na luz
Trará a felicidade, o êxtase da liberdade!
Porém não distinguirás entre o bem e o mal,
Pois não deves conhecer o mal,
Pois ele é o fruta proibida, as trevas
E não faz parte da natureza
Nem um fruto dá...
Nem cria a beleza, a luz...

Parou por alguns minutos em silêncio, lembrou que luz é a Fé no caminho e mesmo nos caminhos escuros por onde andávamos, a fé é a luz que ilumina. Mais essa fé, um valor divino deve ser levado à concretização de seus sonhos, de seus projetos através da fé num valor humano, a política, que foi perdendo seu sentindo e para ocupar seu lugar, foi surgindo a prática ridícula de uma nobreza que ocupa os cargos políticos. A Fé e a política caminham juntas na construção do amor. A política sincera tem a preocupação com o outro, como se fosse a sua vida e a Fé nos transcende a conhecer o Absoluto, Deus, quer seja através da arte, da religião, da educação. Deus estará lá e nossas ações são instrumentos do seu Ser.
Lembrava por fim que o diabo não existe, como Ser ele é a ausência da luz de Deus e não era responsável pelas infelicidades humanas, pois não é Ser, ele não cria, não ocupa espaço. Ele precisa do “deus-homem” para criar corpos e espíritos por onde falará, mas ele não tem poder para criá-los...

Unia-se naquele momento em sua alma, o espírito do poeta e do político, Isaac, que buscava unir a esfera humana e divina, como nos velhos quadros do seu vô Alberto. O homem não deveria esperar por Deus, para que os instrumentos das trevas, perdessem as suas forças, como também não poderiam acreditar em livrar-se deles sem a Fé em Deus. Por Isaac, o Poeta Político, irá encerrar a sua oração com um Discurso Político sobre o Dinheiro e assim começou: A abstração maior do domínio de um instrumento sobre o Homem!

O Dinheiro é a lágrima do mundo enquanto a humanidade chora de sofrimento, ele é produzido. A tristeza que antecede a dor é a abstração da vida, a soma da concentração da riqueza, pois a moeda não mais substitui a produção. Nas mãos de quem produz ela não está, servindo apenas como o aparato principal, para que as pessoas continuem a trabalhar, garantindo o luxo e a sobrevivência daqueles que em seus círculos fechados, reproduzem entre si ideologias arrogantes, que proíbe o pensar, mostrando que só é necessário entendê-la, fechar-se em seu círculo, o sistema capitalista que vigia, prende, julga e pune os que estão fora ou dentro dos presídios, atrás do dinheiro e por intermédio dele ocupar o lugar, dos que antes estavam. Afinal quando a razão desaparece, o irracional impera e sobre ele não há como organizar o caos, pois o dinheiro muda de forma, de acordo com a tecnologia que lhe prende e que prenderá a todos entre códigos de barra.

Resolvemos naquela reunião que por enquanto teríamos que arranjar trabalho até que pudéssemos pensar o que faríamos para mudar o mundo, pois o emprego, naquele momento, era a garantia de sobrevivência para todos, com exceção de David.

Este havia descoberto, que a empresa de seu pai estava falida, mas eles continuavam ricos em seu patrimônio e aplicações no Banco! Seu pai vendeu tudo e avisou a David que a partir daquele momento eles iriam viver de rendas. Agamenon iria trabalhar com ele numa financeira, e teria que estudar mercado financeiro.

David disse que ali se vingara daqueles que provocaram o ataque cambial, ao seu país, fazendo que ele e seu pai perdessem, com a desvalorização do câmbio, 20% de sua fortuna. Naquele momento o mercado financeiro era o seu novo “deus” para o qual prestara suas homenagens, dançando o seu jogo.

Já nós teríamos que nos virar! Chegava à época do vestibular e o quanto foi difícil para cada um de nós, estudar, viver de empregos temporários enquanto tentávamos entrar na universidade.

Como podemos ver, a verdadeira guerra estava para começar. Moldando suas formas e seus estilos. Será travado entre os liberais, que precisam do dinheiro, da polícia e do Estado para controlar e punir os homens que não acreditavam em seus deuses e em seu discurso parecido com o da igreja, que prega a liberdade e a igualdade, mas não abdica de suas violências, de controle e domínio sobre a sobrevivência do homem, obrigando-o a se submeter as suas formas e estilos de vida, que punem a arte, a educação, a liberdade de espírito e principalmente o amor. Pois sem chances para sobreviver, só resta a ele, responder com violência, a violência que o atinge, como reação, mata e rouba. Parte da juventude segue este credo, tendo na porrada a única linguagem para se comunicar com um mundo que a oprime.

Nicolau, naquela que seria a última reunião do Teatro “TRIBOS 7i”, resolveu, agora que conseguiram emprego, deveriam, dar uma resposta ao mundo. Contra a castração de suas juventudes e a mecanização de seus braços. Ele organizara um ato político para celebrar um novo tipo de sociedade. Nessa nova sociedade, o falso liberalismo deveria ser extinto, proporcionando a todos igualdades e oportunidades, para que cada jovem possa trilhar o seu caminho, construir o seu mundo e, assim, fazer do seu mundo o ambiente de realização da vida.
Neste ato político estaria presente todas as jovens lideranças, celebrando durante este ato, as culturas jovens com danças, pinturas e poesias, que Michel havia preparado para o Festival Arte & Liberdade.

Naquela noite todos chegaram bem cedo, as luzes se apagaram para dar inicio, ao espetáculo. Poucos tinham percebido ali a presença do grupo contrário, os troianos. Mais tudo bem, isto significa que eles aderiram ao protesto, assim pensávamos, esquecendo que, Ígor, é um neoliberal, pois tentou impedir com a força a felicidade dos gregos.

Deram-se início ao ato político, com a palavra de vários jovens, expondo seus sonhos e colocando a sua vida a disposição para realizar estes projetos nos campos da educação, arte, assistência social, empresas cooperativas, enfim projetos que davam uma dimensão concreta ao mundo e aos valores em que acreditavam. Eles faziam diversas críticas, mas não deixavam de apontar em direções a novos horizontes, que, tendo apoio, logo os colocariam em prática e, neste breve diário, faremos um resumo de como podemos mudar a face da economia, das empresas, da educação, da política, do social, da cultura e das comunidades em que vivemos.
Mas por enquanto todos prestavam atenção. Após estas exposições que modelou o nosso projeto de mundo; iniciaram-se as apresentações artísticas com poesias. Renata seria a primeira a recitar a poesia “Espelho do passado”:

Qual o mistério da vida?
Se quando crianças é tão perfeito
E, hoje, quando olhamos pelo espelho.
Só as lembranças é que nos restam...
Para onde foi perfeição? Interrogo-me confusa.
Por que não ficamos sempre belos? Como nas novelas...
O que chamamos de sociedade, na verdade é um espanto.
Prefiro não refletir sobre isso, a sociedade, é muito chato...
Estressa minha beleza...
E calou.
Michel continuou:
De tão calados que ficamos,
Acabamos sendo o que não somos.
Quando crianças era sincero.
Não suportávamos, o que não queríamos.
Não aceitávamos ser meros objetos
Melhor quando éramos meninos.
A realidade é uma brincadeira,
Desta vez os brinquedos somos nós
A alegria do adulto é passageira
Quando acordamos e percebemos que estamos sós
Vale a pena voltar a ser criança...
E perceber que não crescemos,
Admirarmos nossa infância
E tornar realidade os sonhos que tivemos.
Assim não será difícil entender quem somos nós...
Porque estamos vivos?
Afinal vamos esquecer os inimigos
A violência que criamos
A riqueza que não distribuímos
O Papai do Céu que esquecemos
A ganância da cidade
O mundo era melhor, quando estava lá em casa.
Onde sonhos se transformam em realidade.

Todos aplaudiram de pé, era uma ode ao momento que vive entre infância e adulto, pois já estávamos entrando nesta fase.
Logo depois veio a Banda de Rock Sirva os servos, depois um mímico para ironizar os atropelos da juventude, quando o desejo nos consome e o artista com seus quadros de óleo sobre a tela, mostrara as emoções da juventude, expressas pelo encontro do artista com o absoluto, como no Grito.

No fim, antes de Nicolau falar, teve a exibição de um filme intitulado “Os Protetores”. Toda a imprensa da cidade se encontrava lá, porque aos poucos o Teatro foi lotando e chamando a atenção. Alguém ligou para a polícia, devido o barulho e, com ela, veio a imprensa achando que era algum crime afinal tanta gente num só lugar, gritando e chorando, da mesma forma caminhando e cantando no passado, não poderia ser emoção, era protesto!

Ao chegar perceberam do que se tratava e resolveram dar um espaço bem grande nos jornais, revistas e TV, incluindo alguém que começou a transmitir direto via Internet e vários jovens de todo mundo começaram a assistir, com seus olhos brilhando e sentindo seu coração bater mais forte. Todos estavam entusiasmados (no sentido estrito da palavra que significa Deus dentro de si), ao ver a juventude cumprir seu papel histórico, de unir sonhos e protestos, “fazendo a hora, não esperando acontecer”, como cantava o Vandré

Em baixo da tela, o hacker que transmitia colocou “Acreditemos nas flores, vencendo os canhões da injustiça, da desigualdade social, da violência”, alertando: Juventude Uni-vos para sonharmos juntos e a realidade se transformará!

Foi quando Nicolau se levantou para falar e encerrar o encontro...
Pegou um relatório, que havia preparado para mostrar as atuais condições do mundo em que vivemos se utilizando de dados da ONU, em seu livro “Nossa Comunidade Global” e começou a falar...
Vocês sabiam que...
Os cinco membros permanentes do conselho de Segurança da ONU, fornecem 86% das armas exportadas para os países em desenvolvimento, onde aconteceram, entre 1945 e 1989, a maioria das 138 guerras que resultaram cerca de 23 milhões de mortes.
A quinta parte mais pobre do mundo ganha menos que 20% do que recebe a quinta parte mais rica, ou seja, a vida de um rico vale, nos mundos modernos, milhões de vezes mais que a vida de um pobre!

A população mundial é hoje duas vezes maior que no início do período pós-guerra. Na verdade, a população do mundo cresceu mais nas últimas cinco décadas do que em todos os milênios da existência da humanidade. Os países em desenvolvimento abrigam 78% desta população e 94% do aumento atual está ocorrendo nestes países.

Com menos de um quarto da população mundial, os países industrializados (incluindo Europa Oriental e Russia) foram responsáveis por 72% do consumo mundial de combustíveis fósseis (escassos por natureza) entre 1986 e 1990 e no caso dos metais mais importantes, são até maiores...

Existem 1,3 bilhões de pessoas no mundo em pobreza absoluta e, para eles, existir água potável é um luxo. 800 milhões de pessoas não tem comida com regularidade e 1 bilhão delas vivem com menos de um dólar por dia. Um terço dos adultos do mundo em desenvolvimento é analfabeto e dois bilhões de pessoas ainda carece de eletricidade.

Estão se formando no mundo blocos econômicos, como o MERCADO COMUM EUROPEU, o NAFTA ou ALCA, e o bloco Asiático liderado pelo Japão. A China já a terceira economia no mundo. Vimos, a ficção se transformar em realidade, vários filmes já abordaram regiões de pobreza, doenças genéticas, guerras constantes, prisões do universo ou o que sobrou do Fim do Mundo e a tecnologia proliferada nestes filmes tornou-se realidade.

Várias regiões do mundo foram transformadas em prisões, onde as pessoas, morrem de fome, doenças e guerras. África, países em desenvolvimento, algumas regiões da Ásia, da Europa Oriental, guetos de Nova York, favelas em São Paulo, desempregados, soldados que estarão em guerra, pessoas com a religião ou a raça “não adequada...” aí bem lembrado, a maioria jovem.
Tudo isto gerado, como os filmes previram, por prisões econômicas, proibindo a entrada no “paraíso” com leis contra imigração, empresas que reduzem o emprego com tecnologia, Estados que não garantem saúde e educação, terrorismo de religiões e raças. E parabéns também aos filmes que pregaram o “Fim do Mundo” com a Bomba H ou o Apocalipse. Eles só deixaram de detalhar melhor as ferramentas do Deus-Homem.

AVISO AOS NAVEGANTES: Se o seu maior problema é o seu aniversário, a roupa ou cd que não comprou, seu carro e seus músculos ou beleza, acorde para o mundo, se não o mundo o acordará e é bem pior do que sua mãe o acordando. Faça algo, pense, participe, haja. Nós estamos no mesmo barco e fazemos parte do êxodo da humanidade.

- Desculpem o “excessivo” comentário sobre essa variável é porque dela derivam as demais e, por fim, as ultimas variáveis. Nicolau, estava de frente ao quadro branco, escrevendo os principais tópicos das variáveis... Lá estava escrito com pincel vermelho A... B... C... D... E...
F) As regiões desenvolvidas produzem dez vezes mais livros, tem cinco vezes mais rádios, oito vezes mais TV e seis vezes mais jornais, transmitindo a cultura da informação, que se faz necessária e quanto mais tivermos, melhor, é preciso processá-la, possuí-la como reflexão para a ação. Evitando que a classe culta seja o maior alicerce do sistema que a maioria dela discorda, mas é o principal sustentáculo de sua sobrevivência. O que faz com que ela torne culta a sua linguagem, para com ela se proteger e se esconder do mundo real. Onde essas palavras, em sua epistemologia, perdem sentidos, pois explicam mas não transformam. Servem como escudo psicológico para justificar que se não participa ativamente da luta, oferece seus argumentos para essa luta, porém estes só defendem a eles. Ironicamente é o seu escudo, como os gregos são homens de ouro e o sustentáculo maior do sistema, pois deveriam ocupar a posição de líderes e professores do povo em busca da liberdade, mas o que fazem é proteger, com suas palavras sem ação ¼ da população que consome 80% da produção mundial. E o povo deposita toda a sua confiança em Deus, nos Homens de coração bom e sabedoria. Mas, onde eles estão?
Agora Nicolau faz duas propostas:

- Peço que os senhores peguem agora as variáveis A, B, C, D, E e F, montem a sua equação para responder quanto vale a sua vida. Que mundo é este que está se projetando e qual a conseqüência direta para a nossa vida? Façam as suas equações, montem seu tratado e lutem para que eles aconteçam Planejem os próximos 100 anos da Terra formem alianças e lutem para viabilizá-lo. É este o propósito do Protesto das Rosas.

Jovens de todo o mundo estavam assistindo o que se passava, pela Internet, naquele momento. De repente, Renata, sem estar programada entrou na frente das câmaras e de Nicolau, para fazer a última parte do evento, com a sua última dança. Renata havia prestado atenção, a tudo que acontecera até ali, todas as variáveis, todos os dados, tinha escrito sua equação de diversos modos e pensado em diversos resultados, principalmente o prazer, sua maior razão de viver.
Imaginou um oitavo dia para a criação e enquanto pensava, sua alma queria fuga, não agüentava a dor, ela queria o prazer como nunca! O prazer que as drogas e a bebida proporcionam. A apatia, a ociosidade de sua geração, era um momento de dor, de fuga da vida. 

Ela acabava de perceber isso, que o mundo era tão cruel, que a dor de pensá-lo de modo racionalmente dilacerava qualquer alma! Matava a razão. E como a Fé dela, da sua geração, da geração de seus pais, estava morta por asfixia, ela não conseguia ver um oitavo dia diferente, a razão não mostrava, nem mesmo conseguia enxergar o brilho nos olhos de Nicolau, de Isaac e de alguns jovens que a cercavam.
Mais uma vez a fuga de Renata, através do prazer inconsciente das drogas e da bebida lhe levava à escuridão, porque ela não conhecia a luz. Só que ela estava cansada de fugir e esta deveria ser a sua última fuga, a sua geração ainda tinha fôlego para a sua fuga do nada, mas ela não. Bem que poderiam aproveitar o resto que tinham para ir a busca do prazer, não o prazer pelo prazer, mas o prazer pela vida, pelo amor, pelas artes, pela educação, pela política e que assim construiriam um oitavo dia diferente. Foi este o seu último desejo e sentada, escondida atrás das cortinas do teatro, quase tomou uma overdose de heroína, mas ainda tinha forças e se levantou para dançar, ultrapassou as cortinas, ficou a frente de Nicolau e dançou enrolada numa bandeira que trazia um jovem coração no centro do globo terrestre. Dançou, em frente às câmaras, a música que trazia a seguinte poesia:


Um dia o sol ilumina as trevas
Quando seus olhos forem bons
Não aceitará que deuses da maldade o dominem,
Não será contaminada pela vaidade.
Teus desejos, tua coragem e tua honra!
Teus segredos e mentiras
Fazem parte da mesma história,
A história de uma menina,
Contada no desenrolar de uma guerra
Que o tempo cansado espera
Entre Homens e Deuses
Deuses e Homens
Homens que criam Deuses
E Deuses que criam Homens,
E no ultrajar de suas linguagens,
Em beneficio de suas posses
Fazem com que o Deus Amor
Fique covarde para dominá-lo,
Enquanto os deuses droga e dinheiro
Matam e dominam,
No apagar das luzes,
A loucura do homem.
Este se esconde, mas pode se libertar!
Como sonho de poeta
Que conta o que sente
E não esconde o que vê
Pois seus olhos iluminam as trevas,
Não sei ao certo. . .
O que faz parte do paraíso da Terra,
Quero vê-la de perto
Se existe o simples desejo ou acaso da paz.
Onde não há desejo e paz,
A paz que enxerga e liberta os deuses
Dos homens e te devolve à liberdade
Para viver teus reais desejos,
Pois onde a solidão esconde
Só a verdade liberta
só o sol ilumina as trevas.
Onde a neve cai, o amor não congela!
Nem as esperanças da menina e do poeta.
Quando acordados estamos
Não percebemos o quanto somos felizes.
Se abríssemos os olhos,
O Sol iluminaria as trevas,
a esperança está de portas abertas
Quando a coragem do amor enxerga. . .


Renata dançava como uma rosa e se libertava ao ouvir as palavras do poeta, dominando a droga e em pleno estado de êxtase, sombreado e ofusco, começava a clarear através de sua razão e de seu coração, um novo caminho! E todos percebiam que ela havia derrotado a deusa droga, seus olhos e sua face eram sublimes, como seus passos se tornavam mais nítidos e verdadeiros.

A juventude estava ali representando a sua luta de conflitos, vencendo seus deuses impuros, criados pelo homem, conquistando em seu Ser, o Ser absoluto, a vida, a verdade.
Mais o caos começava a criar mais uma interferência no destino e a juventude lutava para organizá-lo, mas era ele que também criava em seu ambiente a juventude.

Ele viu no coração de Ígor, que estava ali assistindo o espetáculo, um ódio latente e tratou de torná-lo um ser racional, deu “razões” para que ódio, não se perdesse em sua mesquinharia enfadonha. Ígor, já havia visto no espetáculo, um de seus maiores símbolos sendo assassinado, o deus dinheiro, por uma poesia relida de Isaac.

A dor de Ígor ao pensar num mundo sem dinheiro era insuportável, pois a luz da criação não habitava seu coração. Ele achava ultrajante falar na morte do seu maior deus, o “deus dinheiro”, pois a sua escuridão era necessária para reforçar seus símbolos, sem colocá-los à luz da interrogação.

O ódio que pairava em seu coração e a dúvida que repousava na sua razão, não conseguia suportar ver a única fuga que sempre teve para livrar-se da dúvida e do ódio, sendo morta por seu amor a Renata. E acaso vendo um Deus forte e quase imbatível: o deus amor, capaz de transformar, mudar e amolecer o mais duro dos corações. Toda essa situação estava deixando-o cada vez mais confuso, mas seus deuses permaneceriam durante algum tempo, inabaláveis.
Em meio a tudo isso, mas uma questão era ventilada. A deusa droga estava morrendo, Renata estava a matando com sua liberdade, com a luz de seu coração e de sua razão! Renata estava eliminando toda e qualquer possibilidade de fuga, para colocar no lugar dela apenas o objetivo de enfrentar os seus problemas, de pensar as diversas possibilidades de criar novos caminhos, de enxergar além da droga, do dinheiro e da solidão, os três maiores e piores deuses dos infernos de sua época.

E, Igor na loucura de seu medo, levantou um revolver sem fazer pontaria para ninguém e disparou a lança de sua raiva, travestido de bala e acertou o coração da bandeira e de Renata, que dançava, tendo em sua barriga um filho de seu assassino.

Aquele tiro, aquela morte disparou on-line via Internet, gerando revoltas e protestos de jovens no mundo todo, contra os deuses de ades! São Petesburgo, Florença, Seatle, Genova, Bruxelas, Paris, São Paulo, Viena, Belgrado, Pequim, Londres, Fortaleza... Os conflitos eram expostos e a imprensa caminhava para transmitir e informar.

Poucos explicavam o que de fato estava acontecendo, ninguém aprofundava que se tratava da briga de Deus e de homens que criam deuses. Tal coisa era vista como um mero assassinato e como revoltas de jovens “rebeldes”, “sem-lei”, querendo liberdade...

A imprensa, por diversas vezes, cercava Nicolau, Isaac, Amy para falar sobre o que estava acontecendo, mas todos eles ficaram em silêncio. Humilharam a deusa da informação sem reflexão, pois acreditavam que, na sociedade em que viviam, o seu silencio fosse mais refletido que suas palavras...

Observavam que aquelas pessoas estavam perplexas com suas atitudes, mas eles notavam que isto era fruto também do mundo novo que os cercavam, cheio de tecnologias e com poucos atos que causam a mesma perplexidade gerada pelas tecnologias.

Nicolau então resolvendo encerrar ali, o primeiro e único ato político sincero de sua carreira. Resolveu escrever um texto sobre o homem do século XXI, que deixaria guardado para que seus filhos enxergassem o mundo em que viviam! Nicolau usava como sinônimo do homem moderno o termo: “perplexo tecnológico sem amor”. A deusa da tecnologia impõe o rito da perplexidade e de seus instrumentos, celebrando o choque entre a consciência e a percepção. A percepção mostra, não acredita, não entende o que está colocado. Não nos impressionamos mais com TV, computadores, carros e chuveiros, o homem dominou a natureza, mas a natureza dominou o homem com a perplexidade!

E o caos, mais uma vez, celebra a perda do sentido porque sobre seu comando sentiremos as conseqüências, de coisas simples que viram mostrar, quando não tem sentido como vivemos. Em vários lugares do mundo anda-se a pé, kilometros em busca de comida, toma-se banho de cuia, ouvem novela pelo rádio, como fazia, algum tempo, atrás meus avós! Fico espantado com o mundo que criaram para a infância da minha humanidade viver. Agora durante a minha juventude, o mundo em que vivemos tornou-se perplexo para nossa geração e de nossos pais ao mesmo tempo...

O caos organiza-se... Diriam os deuses! Para estabelecer o seu domínio! Afinal não reconhecemos a origem, a lógica, dentro de um sistema maior de valores e necessidades da humanidade, da teleinfocomputrônica. Pois essa indústria investe em varias formas para dizer, como dizer, mas o que dizer? através dela, “se há tempos, nem os santos tem ao certo a medida da maldade e há tempos são os jovens que adoecem e há tempos o encanto está ausente e a ferrugem do sorriso só ao caso estende os braços a quem procura abrigo.” E se por acaso fala de amor, procuram acorrentá-lo, torná-lo covarde, sem esperança, como se o amor existisse apenas para contemplação.


“Lá em casa tem um poço”
“Mas a água é limpa “
Mas vai lutar,
Por um mundo melhor
E se for necessário que ele se suje,
Para enfrentar os deuses
Para mudar o mundo
Isaac o fará...
Em nome de um Deus
Que nunca se escondeu
E sempre esteve presente,
Na alma dos heróis
Daqueles que tomam para si
A responsabilidade do mundo,
Pois ultrapassem o mundo dos deuses,
A teleinfocomputrônica em sua pele,
A pele do outro como Jesus Cristo,
Francisco de Assis, Luter King, Gandhi
E outros que enfrentaram
Até a dor, mas sem esquecer.
“Que tudo é dor e toda dor tem o desejo de”.
“Não sentirmos dor”
A coragem do amor fala mais alto,
Podemos mudar o mundo,
Usando a teleinfocomputrônica
Como instrumento do mundo que
Queremos realizar!
O livro foi feito, para que as pessoas saíssem dos seus esconderijos. Não podemos esquecer que a evolução e o ritmo adotados pelas transformações têm-nos feito caminhar por novas palavras e sentidos que estão além do texto. Não podemos esquecer luz, sentidos e palavras “não falo como você fala, mas vejo bem o que você me diz. Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo, prefiro acreditar no mundo do meu jeito. E você está me esperado no ar, mas como me levou para as nuvens com os pés no chão” Realidade.
A fuga da Teleinfocomputrônica é a máxima do distanciamento do momento concreto, que expressa a sua ideologia, para garantir seu funcionamento com a realidade de nosso trabalho e a contração de nossa vida, utilizando os recursos da imaginação, as imensas possibilidades que ela lhe apresenta e suas relações nas transformações cotidianas e estruturais. Essa fuga nos mostra algo que tenhamos ao chegar em casa, se é que vamos sair, tínhamos que dormir em pé, já que a cama e suas fábricas, do ponto de vista material perderam o sentido! A fibra que compõe o chão, hoje garante que, durante “o sono”, possamos realizar automaticamente uma psicanálise. Aparentemente podemos ficar abismados com este exemplo, porém ele não é tão avançado, na Ideologia que representa, quanto algumas inovações da Teleinfocomputrônica, que seus escritores traziam consigo em seus filmes, sobre prisões estrelares.
Isto porque trata-se da construção de uma nova conjectura, em sua acepção epistemológica, na raiz desta palavra, pois a estrutura que hoje é criada é a das possibilidades de definir estruturas, que garantam em si a criação e a perpetuação de ideologias, por diversas óticas, castrando cada vez mais a liberdade do homem. Afinal esta fibra que “interpreta” sonhos ao seu bem querer, não foi criada com este objetivo, mas com a idéia de criar um robô que pense, tudo isto proveniente de uma pesquisa em bioenergética. Como perceber as interconexões que esta estrutura de possibilidades nos permite, nos leva a dominar a imaginação, a quantificar e decidir tudo aquilo que “desejamos” fazer?
O nó de todo este complexo é que enquanto ¾ da população mundial padece de fome, de alimentos e da realidade, ¼ padece de teleinfocomputrônica.
E esse livro portanto, foi feito para que as pessoas saiam de seus esconderijos, o mesmo de crianças e, através do Protesto das Rosas, se transformem em PROTETORES do amor. Mostrem mais uma vez que somos uma geração que tem o que dizer. Esperamos que a tecnologia cumpra a sua função! E não se esqueça do “caos” que foi criado, que só se organiza pela anarquia. E mais uma vez lembro da frase de Renato Russo “Lá em casa, tem um poço, mas a água é muito limpa”. É preciso lembrar que ele se refere a um poço de sabedoria, que não pode transformar o que prega em realidade, pois acabaria tendo contato com a realidade e sujando a sua água! Porém lembro, que a água foi feita justamente para limpar, assim como a juventude, a água quando em contato com realidade limpa a sujeira!

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